Durante os encontros Sala do Educador percebe-se na fala muitos educadores uma descrença nos projetos pedagógicos que envolvem todo coletivo escolar. O que a escola perde tempo devolvendo projetos e deixa de fazer o que é essencial: trabalhar melhor os conteúdos de disciplinas do currículo. Assim, nesse universo tão pessimista nota-se que falar de projetos de músicas, teatro, horta parece ser coisas ultrapassada e sem sentido para escola. Dessa forma, cabe a pergunta: será que discutir projetos que partem das necessidades da comunidade e que envolvam pedagogicamente todo o coletivo escolar é ser desatualizado e não remete sentido para prática social. Pelos exemplos que se vivencia em algumas escolas da região Noroeste de Mato Grosso mostram projetos pedagógicos que pautados nas necessidades da comunidade, além de funcionarem, contribuem para melhoria da qualidade de vida das pessoas. Como é caso da escola estadual Antônio André Maggi, localizada no distrito de Nova União, município de Cotriguaçu/MT, que vem colhendo bons resultados no projeto horta na escola. Ou melhor, colhendo lindas e deliciosas hortaliças que vão parar diretamente na merenda escolar dos educandos.

A horta da escola conta com espaço reservado, com boa estrutura que dar condições de temperatura e umidade ideais para o desenvolvimento das delicadas hortaliças. Além da horta, a escola mantem um espaço em torno da horta com plantio de mandioca que também é utilizada para reforçar a alimentação da garotada.

Questionado como a escola consegue desenvolver e manter o impressionante trabalho com a horta, o diretor da escola o Paulo Cezar comenta que os próprios alunos e professores em período reservado e sempre contextualizado dentro de cada disciplina fazem a manutenção da horta, o preparo do solo e o plantio das mudas de hortaliças. O projeto horta deu tão certo que ultrapassou os muros da escola que segundo as palavras do próprio diretor: “os conhecimentos desenvolvidos sobre o plantio de hortaliças na escola estão sendo aplicados por pais e alunos em suas casas, que com a construção da própria horta no quintal passaram a ter uma alimentação mais diversificada para família e também a possibilidade de ganhar um dinheiro com venda do excedente de produção”. Em outras palavras, só é possível imaginar o tamanho do alcance do projeto se pensarmos que a escola conseguiu desenvolver algo prático que foi diretamente de encontro com a necessidade do lugar, pois o distrito de Nova União fica em área de difícil acesso, em meio a floresta amazônica, onde para as pessoas encontrarem legumes e verduras frescas é quase uma raridade.

Nessa perspectiva a horta da escola aqui mostrada é um belo exemplo de projeto pedagógico que deu certo porque o coletivo de profissionais acreditou que é possível desenvolver um trabalho que leve em conta a realidade local e as necessidades da comunidade.